15 de Setembro, 2025 09h09mMeio Ambiente por Rádio Agência Nacional

Brasil quer neutralizar emissão de gases de efeito estufa até 2050

Há quase uma década, o mundo se comprometia com o Acordo de Paris contra o aquecimento global e para enfrentar as ameaças impostas pelas mudanças climáticas. O tratado internacional foi adotado na COP21, realizada na capital francesa em 12 de dezembro de 2015, e entrou em vigor em novembro do ano seguinte

Há quase uma década, o mundo se comprometia com o Acordo de Paris contra o aquecimento global e para enfrentar as ameaças impostas pelas mudanças climáticas. O tratado internacional foi adotado na COP21, realizada na capital francesa em 12 de dezembro de 2015, e entrou em vigor em novembro do ano seguinte.

O objetivo principal do Acordo de Paris é a contenção do aumento da temperatura global abaixo dos 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, por meio da redução de emissões de gases de efeito estufa. Cada país signatário apresentou suas metas — incluindo o Brasil —, explica o professor da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo, Carlos Eduardo Pellegrino Serri.

"O Brasil foi um dos países que apresentou uma meta ambiciosa, de redução gradual das emissões de gases de efeito estufa, até que, em 2050, o Brasil seja neutro. O que significa neutro em emissões? Nem emite, nem retira quantidades que se equivalem. Ou seja, ele fica zerado, ele fica equilibrado sob o ponto de vista de emissões e remoções".

O professor afirma que a meta brasileira exige um esforço grande, porque quase metade das emissões do território nacional são oriundas do desmatamento.

"46% daquilo que o Brasil emite de gases de efeito estufa para a atmosfera vem do desmatamento, e 27% vem de atividades da agropecuária. Então, essas duas fontes de emissão juntas representam 73% das emissões de gases que o Brasil emite. Então, esse é o desafio: o Brasil reduzir essas emissões. E isso tem que cessar o desmatamento. E, na questão da agropecuária, reduzir as emissões — principalmente da fermentação entérica, né? — dos animais, dos ruminantes que emitem, por exemplo, o metano para a atmosfera. Racionalizar o uso de fertilizantes, principalmente os nitrogenados, né? Que são atividades que liberam gases para a atmosfera".

Uma das metas do Brasil era reduzir 37% das emissões dos gases de efeito estufa até 2025, mas o país não atingiu esse objetivo. Apesar dos desafios, Carlos Eduardo Pellegrino Serri avalia que houve avanços desde o Acordo de Paris.

"O Brasil expandiu consideravelmente áreas de cultivo com sistemas mais sustentáveis. Um exemplo é o sistema de plantio direto. Ou seja, a gente não revolve o solo em área total, não perturba o solo, mantém os restos culturais, tem rotação de cultura. O que significa isso? Cultivar naquela área três ou mais culturas. Esse sistema de plantio direto teve um avanço de 1,1 milhão de hectares por ano. Hoje, o Brasil tem mais de 30 milhões de hectares sob esse sistema. É o país com maior extensão em área dessa prática de manejo. E não é só plantio direto. Sistemas integrados, o Brasil é pioneiro. Muitos países querem fazer também, mas ainda não têm tecnologia para adotar sistemas de integração — por exemplo, lavoura-pecuária-floresta, sistemas agroflorestais. São alguns dos exemplos de sistemas integrados que otimizam os processos produtivos numa mesma unidade de área e dão o que a gente chama de resiliência".

Publicidade

O professor acredita que a próxima conferência da ONU sobre mudanças climáticas será uma oportunidade de mostrar os avanços e implementar mudanças.

"Agora nós temos a oportunidade de mostrar o que a gente chama de NBS — Nature-Based Solutions — soluções baseadas na natureza que o Brasil vem adotando. Precisa melhorar? Precisa, precisa. Sobretudo com relação ao desmatamento, com certeza. Só melhorar na agricultura, pecuária e silvicultura? Sim, tem espaço para melhorar. Melhoria contínua. Mas já fizemos muita coisa interessante. E não fizemos a agenda para isso nas COPs anteriores, porque não havia interesse político nisso.Se o Brasil conseguir se organizar adequadamente para essa COP, é possível a gente demonstrar para o mundo uma série de tecnologias, uma série de benefícios das reduções com boas práticas, de práticas sustentáveis que estão disponíveis e precisam ser implementadas".

Em sua edição número 30, a COP vai acontecer entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém.

Pela primeira vez no Brasil, a conferência terá um significado especial — principalmente pela escolha do estado do Pará, em plena região amazônica.

5:00

Publicidade

Notícias relacionadas

Brasil tem a menor emissão de gases do efeito estufa em 16 anos

As emissões brasileiras de gases do efeito estufa são as menores em 16 anos, de acordo com levantamento do Observatório do Clima, divulgado nesta segunda-feira (3). No ano passado, o país emitiu n

03 de Novembro, 2025

Plataforma reúne dados mundiais de emissões de gases do efeito estufa

Um consórcio global apresentado nesta quarta-feira (12), na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), propõe uma nova infraestrutura para transformar os dados climáti

12 de Novembro, 2025

ONU: gasto de energia com ar condicionado pode triplicar até 2050

Com o planeta Terra aquecendo a cada ano, a capacidade global instalada de resfriamento deve triplicar até 2050, em comparação com 2022. Essa é a principal conclusão do relatório do Programa das

11 de Novembro, 2025