O crime no Rio de Janeiro está passando por um processo de reorganização territorial com o avanço da violência armada. É o que aponta o Mapa Histórico dos Grupos Armados, pesquisa produzida pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense e pelo Instituto Fogo Cruzado.
De acordo com o estudo, quatro milhões de moradores do Rio estavam sob controle ou influência de grupos armados, em 2024, o que equivale a quase 35% da população carioca. Em dezoito anos, de 2007 a 2024, a área submetida a algum tipo de domínio armado cresceu 130%.
Os números mostram, ainda, que o poder das milícias diminuiu, após anos de expansão desenfreada, e o crime organizado mudou de estratégia, passando para a conquista violenta de áreas já ocupadas. Segundo o estudo, o Comando Vermelho domina atualmente 47,5% dos territórios controlados, e as milícias mantem maior extensão territorial, apesar da queda no domínio.
Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos destaca alguns fatores que levaram a esse cenário.
“Tivemos uma série de operações capitaneadas pelo Gaeco do Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Federal que prenderam dezenas de milicianos e atuaram sobre as bases econômicas e a cobertura política que esses grupos recebiam. Essas ações elas foram bem-sucedidas, enfraqueceram as milícias e permitiram que o Comando Vermelho observasse isso como uma oportunidade avançando de forma bastante agressiva para áreas anteriormente controladas pelas milícias”.
Hirata também explica o que levou ao crescimento anterior das milícias.
“Tivemos a quebra do estado do Rio de Janeiro em 2015. Ao mesmo tempo, tínhamos uma série de investimentos sendo feitos ao longo desse período com vistas a receber os grandes eventos e esses investimentos acabaram ampliando a expansão urbana do Rio de Janeiro muito em direção à zona oeste da cidade, onde estavam localizados os grupos milicianos”.
O Mapa Histórico dos Grupos Armados é produzido desde 2018 e utiliza como base de dados denúncias do Disque Denúncia, levantamento em imprensa e literatura especializada.
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