
O empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, foi ouvido nesta segunda-feira (6) pela CPMI do INSS. Ambos são investigados na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, por suspeitas de desvios em aposentadorias e pensões.
Cavalcanti chegou a ter bens apreendidos na operação da PF, entre eles uma Ferrari e uma réplica de um carro de Fórmula 1. A polícia também encontrou no endereço do empresário um grande volume em dinheiro, assim como relógios de luxo.
Logo no início de seu depoimento, Cavalcanti se recusou a prestar o compromisso de dizer a verdade. Em seguida, negou qualquer irregularidade ou ligação com fraudes no INSS e ressaltou que, no inquérito da Polícia Federal, consta apenas uma suposta ocultação de veículos de luxo contra ele.
“Jamais adotei qualquer postura que pudesse ser interpretada como de ocultação de bens. Os veículos mencionados nas reportagens são de propriedade da minha empresa. Estão todos declarados, adquiridos de forma lícita. E alguns ainda estão, inclusive, financiados, como é o caso da tão falada Ferrari. O dinheiro que ganhei nos últimos anos são fruto de trabalho árduo, crescimento exponencial do mercado jurídico, novas filiais abertas no Brasil inteira e da minha disposição em ver o escritório crescer.”
Para o deputado federal Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, será preciso esclarecer como os envolvidos nas fraudes do INSS conseguiram chegar a posições chave, dentro e fora do órgão, que permitiram o desvio de recursos públicos.
“Eu não acredito que um esquema dessa magnitude envolvendo a quantidade de dinheiro que envolveu pudesse existir sem um suporte político. Eu não acredito que esses jovens bilionários sejam os autores intelectuais do esquema criminoso. Eu acho que eles ganharam muito dinheiro, mas tem alguém por tudo. Atrás disso, que foi exatamente quem garantiu que os corruptos fossem colocados nas posições que foram colocados entre 2019 e 2022, o governo do Bolsonaro.”
O empresário Fernando Cavalcanti também teria relações comerciais e pessoais com o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado como o principal articulador da fraude e conhecido como ‘Careca do INSS’. Vale lembrar que Cavalcanti presta depoimento protegido por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF Luiz Fux, o que significa que ele poderá ficar em silêncio diante dos questionamentos feitos pelos congressistas. A justificativa é de que quem presta depoimento não precisa produzir provas contra si mesmo.
2:43