03 de Junho, 2025 12h06mSaúde por Agência Brasil

Demência em idosos hospitalizados não é percebida em até 50% dos casos

Estudo liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) alerta que, apesar de cada vez mais frequentes, condições associadas ao envelhecimento, como comprometimento cognitivo e demência, frequentemente passam

Estudo liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) alerta que, apesar de cada vez mais frequentes, condições associadas ao envelhecimento, como comprometimento cognitivo e demência, frequentemente passam despercebidas pelas equipes de saúde que atuam nos hospitais.

A demência é um dos principais desafios de saúde pública no mundo, afetando atualmente cerca de 57 milhões de pessoas, incluindo cerca de 2,5 milhões de brasileiros. Estimativas para 2050 indicam que esse número pode quase triplicar, ultrapassando os 150 milhões de casos em todo o mundo.

“No entanto, a demência influencia diretamente a resposta a medicamentos, aumenta o risco de delírio, prolonga a internação e dificulta a reabilitação”, explica Aliberti.

O estudo, publicado no Journal of the American Geriatrics Society, revelou que cerca de dois terços dos pacientes hospitalizados com 65 anos ou mais apresentam algum grau de comprometimento cognitivo, como déficits de memória, e um terço deles têm diagnóstico de demência.

“Essas alterações já estavam presentes antes do problema agudo que motivou a internação. No entanto, entre os casos de demência, aproximadamente metade nunca havia sido diagnosticada, permanecendo desconhecida tanto por médicos quanto por familiares até o momento da hospitalização”, esclarece Aliberti.

Novo método

Diante do cenário, os pesquisadores propõem uma solução prática e viável, mesmo em contextos com poucos recursos: realizar, ainda nos primeiros dias de internação, uma entrevista à beira do leito com um familiar ou cuidador próximo para avaliar como estava a memória e outras funções cognitivas do paciente antes do episódio agudo que motivou a hospitalização.

Publicidade

De acordo com a professora associada da faculdade e responsável pela supervisão do estudo, Claudia Suemoto, essa abordagem permite identificar alterações cognitivas pré-existentes, mesmo quando o paciente está desorientado, com dor ou incapaz de participar diretamente da avaliação. Não se trata de um diagnóstico definitivo, mas de uma triagem eficiente que pode identificar uma possível demência e ajudar no melhor planejamento do cuidado hospitalar.

“A identificação precoce do comprometimento cognitivo também permite orientar melhor os cuidados após a alta. Por exemplo, se a pessoa vive sozinha, os familiares podem ser preparados para oferecer mais suporte, o que pode evitar novas internações”, afirma a médica Claudia Suemoto.

O novo método foi testado em cinco hospitais de três capitais brasileiras - São Paulo, Belo Horizonte e Recife - e apresentou eficácia superior a 90%. Com os resultados positivos, a abordagem será expandida para toda a rede de instituições do grupo de estudo Change (sigla em inglês para Creating a Hospital Assessment Network in Geriatrics), da Faculdade de Medicina. Mais de 250 profissionais já foram treinados para aplicar a ferramenta em 43 hospitais públicos e privados de todas as regiões do Brasil e outros quatro países, Angola, Chile, Colômbia e Portugal.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Investigação Médica em Envelhecimento, sob supervisão da professora Claudia Suemoto em colaboração com a professora Monica Yassuda, docente do curso de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidade da USP, e com a médica Regina Magaldi, da Divisão de Geriatria do Hospital das Clínicas da USP.

Publicidade

Notícias relacionadas

Vigilância Sanitária fecha abrigo com idosos em condições precárias

Policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti), em ação conjunta com a Vigilância Sanitária do Rio, resgataram, nessa quarta-feira (26), sete idosos em um abri

27 de Novembro, 2025

Vacina contra HPV reduz em 58% casos de câncer de colo de útero

Um estudo realizado entre 2019 e 2023, avaliou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de mais de 60 milhões de mulheres a cada ano, com idade de 20 a 24 anos, para analisar o impacto da vacinação

07 de Outubro, 2025

Ultraprocessados já são quase um quarto da alimentação dos brasileiros

A participação de ultraprocessados na alimentação dos brasileiros mais que dobrou desde os anos 80, passando de 10% para 23%

18 de Novembro, 2025