
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, nesta quinta-feira (9), que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, já entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para tratarem da taxação extra aos produtos brasileiros exportados para aquele país. Lula e o presidente Donald Trump, conversaram por videoconferência na segunda-feira (6) e, segundo Lula, as negociações agora entram em outro momento.
“Confesso que fiquei surpreso com o resultado da conversa, porque era uma coisa que parecia que não iria acontecer, parecia impossível”, disse Lula, lembrando que eles também conversaram rapidamente nos bastidores da Assembleia-Geral das Nações Unidas no mês passado.
“Nós somos dois senhores de 80 anos, presidimos as duas maiores democracias do Ocidente e precisamos passar para o resto do mundo cordialidade e harmonia, e não discórdia e briga. Então, foi uma coisa extraordinária, eu falei com ele que era preciso retirar a taxação dos produtos brasileiros, que ele tinha sido mal informado. Então, agora, começa outro momento”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Piatã, da Bahia.
Primeiras conversas
Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações. “Talvez comece a ter conversa a partir de agora e vamos ver se a gente consegue se acertar, porque o Brasil não quer briga com os Estados Unidos”, disse o presidente.
“Os Estados Unidos são uma aliança de 201 anos, é uma coisa muito forte. Então, queremos manter uma relação boa, civilizada, democrática, respeitosa sem abrir mão do nosso conceito de democracia e da nossa soberania”, completou Lula.
Em nota divulgada hoje, o Itamaraty confirmou a conversa entre Rubio e Vieira. Os dois devem se reunir em breve, em Washington, “para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”.
“O secretário de Estado convidou o ministro Mauro Vieira para que integre a delegação, de modo a permitir uma reunião presencial entre ambos, para tratar dos temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”, diz a nota.
Tarifaço
O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada pelo presidente Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a relativa perda de competitividade da economia dos Estados Unidos para a China nas últimas décadas.
No dia 2 de abril, Trump impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação. Como os EUA têm superávit com o Brasil, na ocasião foi imposta a taxa mais baixa, de 10%.
Porém, em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo Trump, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
Entre os produtos tarifados pelos Estados Unidos estão café, frutas e carnes. Inicialmente, cerca de 700 itens (45% das exportações do Brasil aos EUA) como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes, ficaram fora da taxação. Depois, outros produtos também foram livrados das tarifas adicionais.