
Fogo israelense matou pelo menos 40 pessoas, metade delas perto de um local de distribuição de ajuda operado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos Estados Unidos (EUA), nesta segunda-feira (16), informou o Ministério da Saúde de Gaza. Autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciam os métodos de distribuição de ajuda apoiados por Israel.
Médicos disseram que pelo menos 20 pessoas foram mortas e 200 ficaram feridas perto de um local de distribuição de ajuda em Rafah. É o mais recente dos tiroteios em massa diários que mataram centenas de palestinos que tentavam obter alimentos desde que Israel impôs um novo sistema de distribuição, após suspender parcialmente um bloqueio total de quase três meses.
Não houve comentário imediato dos militares israelenses sobre os relatos de tiroteios desta segunda-feira. Em incidentes anteriores, as tropas israelenses reconheceram ocasionalmente que abriram fogo perto de locais de ajuda humanitária, enquanto culpavam os militantes por provocarem a violência.
Os parentes chegaram ao Hospital Nasser para lamentar os mortos. Mulheres e crianças choravam ao lado de corpos envolvidos em panos brancos.
"Fomos até lá pensando que conseguiríamos ajuda para alimentar nossos filhos, mas acabou sendo uma armadilha, uma matança. Aconselho a todos: não vão para lá", disse Ahmed Fayad, um dos que tentaram obter ajuda na segunda-feira.
"Sistema de distribuição letal"
Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), afirmou em post no X que "dezenas de pessoas foram mortas e feridas nos últimos dias, incluindo pessoas famintas que tentavam obter algum alimento de um sistema de distribuição letal."
Antes da criação do novo sistema, a ajuda era distribuída aos 2,3 milhões de habitantes de Gaza principalmente pelas agências da ONU, como a UNRWA, que emprega milhares de funcionários dentro de Gaza e opera centenas de locais em toda a extensão do enclave.
Israel afirma que teve de reprimir a distribuição porque os combatentes do Hamas estavam desviando a ajuda alimentar. Os militantes negam isso e dizem que Israel está usando a fome como arma.
Segundo Lazzarini, Israel não suspendeu as restrições às agências da ONU, incluindo a UNRWA, que levam ajuda, apesar da abundância de assistência pronta para ser transferida ao enclave.
Antes do incidente de hoje, o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, disse que pelo menos 300 pessoas foram mortas e mais de 2.600 feridas perto dos locais de distribuição de ajuda desde o início das operações da GHF.
Em Genebra, Volker Turk, chefe de direitos da ONU, pediu investigações sobre os ataques mortais perto dos locais de distribuição da GHF.
"Os meios e métodos de guerra de Israel estão infligindo um sofrimento horrível e inconcebível aos palestinos em Gaza", disse Turk.
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