
No dia em que o papa Francisco se despediu deste mundo, aos 88 anos, padres progressistas brasileiros fizeram questão de lembrar o legado humanista do pontífice latino-americano.
O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, na cidade de São Paulo, destacou a herança de misericórdia e de compaixão de Francisco, em defesa das pessoas em situação de vulnerabilidade em todo o mundo.
"Isso é o que marca o papa Francisco, o amor aos pobres, aos imigrantes, aos refugiados, aos grupos rejeitados, à comunidade LGBT, às pessoas em situação de rua. O papa Francisco é o grande sinal de amor de Deus e do amor misericordioso de Deus. Isso vai ficar para sempre."
Frei Betto, frade dominicano, escritor e teólogo, afirmou que o papado de Francisco foi marcado pela renovação da Igreja Católica e pela defesa dos direitos dos pobres e da natureza.
"Primeiro papa a emitir uma encíclica em defesa da preservação ambiental, um Papa que não teve medo de se posicionar a favor da causa palestina contra o genocídio sionista do Estado de Israel, um Papa que defendia os migrantes. Espero em Deus que o novo conclave venha a eleger um Papa que dê segmento à linha de Francisco, não só pela renovação da Igreja Católica, mas sobretudo pela libertação da humanidade dessas forças neo-fascistas."
Aos 80 anos, 62 deles dedicados à igreja, o monge beneditino Marcelo Barros viu, em vida, sete papas em atuação. Para o teólogo pernambucano, ligado às pastorais sociais da terra, a contribuição mais importante do papa Francisco foi colocar a Igreja em diálogo com o mundo atual.
"Se esperar significar desejar, a gente deseja alguém que continue essa profecia de simplicidade, de abertura, de diálogo com o mundo, de renovação da igreja. Esperar no sentido de prever é mais complexo, significa não há muito como prever."
O padre Julio Lancelloti também espera que o próximo conclave, a ser convocado nas próximas semanas, escolha um pontífice que honre os caminhos de renovação deixados pelo papa Francisco.
"Eu acredito que os cardiais vão se reunir e vão refletir. É impossível não continuar esse caminho em direção aos pobres, em direção às pessoas, em direção aos doentes, aos moradores de rua, aos despojados. Acho que o mundo todo hoje olha pra Roma na expectativa de que o espírito do Francisco seja o caminho do amor. "
Para os padres da ala progressista, a simplicidade, a abertura para a diversidade e para uma Igreja que caminha junto com a humanidade marcaram, de forma unânime, o legado dos doze anos do papado de Francisco que se encerrou nesta segunda-feira.
© Paulo Pinto/Agência Brasil Geral Francisco atuou em defesa das pessoas em situação de vulnerabilidade São Paulo 21/04/2025 - 21:13 Roberta Lopes / Beatriz Arcoverde Joana Côrtes - Repórter Rádio Nacional Papa Francisco Morte Papa Francisco segunda-feira, 21 Abril, 2025 - 21:13 3:05